Como é visitar o incrível Salar de Uyuni

Eu estive no Salar de Uyuni em fevereiro de 2012 e, pelo menos até o momento, ele ainda possui o título de lugar mais incrível que vi na vida. Incrível no sentido mais real da palavra porque não dá mesmo para acreditar no que se vê.

São quilômetros e quilômetros de chão branco,  um vazio imenso. Esta visão da imensidão branca só é interrompida por alguns grupos de viajantes e os carros 4×4 que os levam até lá.

O Salar  foi  formado há milhares de anos quando um grande lago (aparentemente maior do que o Lago Titikaka, que de tão grande já parece um mar) secar. Tudo o que restou foram reservas minerais no subsolo (é a maior de lítio do planeta) e milhões de toneladas de sal que formam uma paisagem  realmente capaz de cegar. Por isso, se você também pretende ver o Salar, não esqueça os óculos escuros.

Como chegar

O Salar de Uyuni fica no sudoeste da Bolívia, no departamento de Potosí, e é facilmente identificado no Google Maps de tão branco.

Para chegar lá geralmente são contratados passeios turísticos com saída da cidade de Uyuni, na Bolívia, ou de San Pedro de Atacama, no Chile.  O Salar de Uyuni é apenas uma parte do passeio, que pode durar vários dias (o mais comum é o de três dias) e inclui refeições e hospedagem em abrigos. Os passeios são realizados em veículos 4×4 e por guias que já conhecem bem esta região. Definitivamente não é aconselhado fazer esta visita sem guia,  pois há uma grande chance de se perder.

O que se vê lá

• Sal
  Obviamente você verá muito sal, mas também sentirá. Quando menos notar a sua roupa,  cabelo e pele estarão cheios de sal. Desconfio que muita gente também coloque o sal na boca para experimentar. Sobre isso, me resumo a dizer que acredito que tenha gosto de sal.

• Um imenso reflexo do céu
  De novembro a abril, devido a época de chuvas e ao degelo dos Andes, o Salar fica alagado e se transforma em um imenso espelho. Se já é difícil saber aonde começa e termina tanto sal, nesta época o difícil  é saber aonde termina o sal e começa o céu.

  

  Durante estes meses a visitação fica restrita as áreas que são menos alagadas, mas o visual compensa. Também é preciso andar descalço (a água praticamente cobre o seu pé).

  Quem vai na época de seca (maio a outubro) tem um visual diferente, mas a vantagem de visitar outras partes incríveis do Salar como a Isla del Pescado, um oásis no meio de tanto sal com cactos que chegam a medir dez metros de altura.

• Turistas tirando fotos em posições estranhas
  No Salar a dica é fotografar brincando com a proporção das coisas, pois é fácil fazer “montagens”.
  As fotos ficam legais e é divertido ver as pessoas fazendo poses sem sentido algum para quem não vê o enquadramento. Fico pensando como as pessoas faziam antes das câmeras digitais.. deve ter rolado muita tentativa frustrada que só foi revelada depois de voltar para casa.
  Se você não for criativo, não se preocupe. Os guias dos passeios geralmente levam bonecos e sabem as poses clássicas para te ensinar.

• Pilhas de sal
  Claro que com tanto sal é realizada a extração deste produto lá. No entanto,  para preservação do local, ela é feita de maneira artesanal. Isso explica as pequenas pilhas de sal encontradas no deserto. Elas são feitas por trabalhadores a base de muito muque mesmo.

  

• Hotel de Sal
  Não sei se todos, mas muitos passeios param próximos a um Hotel de Sal para servir o almoço  e as pessoas aproveitam para visitá-lo. Tudo é feito de sal nesta construção, incluindo as mobílias. A entrada  para visitar custa alguns poucos pesos bolivianos. O hotel está desativado, pois sua localização causava danos ambientais ao Salar, mas se você tem interesse em se hospedar, existem outros hotéis de sal em funcionamento próximos as estradas.

Como eu vi

Eu fiquei totalmente em transe no Salar, a ponto de não saber quanto tempo durou. Só lembro que achei pouco e queria “quedarme más”. É difícil falar o que vi ali, pois é algo indescritível. Mas a tentativa que mais se aproxima é dizer que foi tipo acordar e ver o céu azul em um dia lindo, com a vantagem de você estar dentro dele.

Eu fiz o passeio de 3 dias pelo deserto boliviano, saindo de Uyuni, contratado na agência Oasis Tur e realizado pela Andreas-Tour. Isso de contratar com uma agência e ir com outra parece ser comum por lá e não tive problemas, mas  fique atento se o roteiro é o mesmo para não ser prejudicado. O Salar de Uyuni foi a principal parada do passeio em meu primeiro dia (antes fomos ao Cemitério de Trens e ao Pueblo Colchani).

Eu estava muito cansada da viagem de mais de 12h entre La Paz e Uyuni que fiz durante a madrugada e  estava sentindo um pouco os efeitos da altitude (3650m),  mas  fiquei completamente eufórica ao ver este lugar. Como estava tudo alagado, tirei os sapatos, e enfiei o pé no sal.

Eu e meu namorado, perdemos a noção de distância e saímos andando em direção a um pedaço do céu refletido sempre tentando falar “ah vamos andar até aquele grupo de pessoas”, “até tal carro” ou “só até aquela placa”. Quando vimos o nosso guia já tava com todo mundo dentro do carro, vindo nos alcançar e nossos pés e calças estavam cheios de sal.

Pensei que já  estávamos indo embora, mas só fomos até uma parte mais seca para almoçar, próxima ao Hotel de Sal aberto a visitação. Não quis pagar para entrar no Hotel, então fiquei do lado de fora brigando com o vento (era demais) e tirando foto (ou tentando) com o boneco do Shrek que o guia me  emprestou enquanto esperávamos pelo almoço.

O almoço nesses passeios é prático. O guia abre o porta malas, retira as panelas dos sacos que preservam a temperatura e fala que tá servido. Eu achei ótima a comida (acho até foi a melhor refeição que fiz na viagem) e era suficiente para todos. O único inconveniente era sentar em algum lugar para comer, pois não rolava comer todo mundo dentro do carro e não havia sombra. Eu já estava toda suja mesmo, nem liguei e sentei no chão de sal. A essa hora a fome era tão grande quanto aquele deserto.

Após o almoço, cortamos o Salar novamente para pegar a estrada em direção ao abrigo. Faltando pouco para chegarmos ao abrigo, paramos em um local mais alto com uma visão panorâmica e parecia que havia dois sóis ali naquele dia. Foi o final perfeito para um dia inesquecível.